quinta-feira, 4 de novembro de 2021

O que está acontecendo?

 Estou parado no cais 

Onde vivia minha paz
Onde silêncio ainda fala
O que barulho não faz

Eu tava olhando para trás 
Caí de costas no mar 
Afoguei no escuro para respirar

Por sorte aprendi boiar 
Roderick Thorp duro de matar 
Tentaram me apunhalar 
Sei que vou me curar

Tenho corpo fechado, ouço uma voz
Sangue sempre quente, cabeça feroz
Sigo na luta por nós 
Quando eu caí tava a sós
Eu e meu ego, my boss

Ainda penso em viver 
Ainda vejo os faróis 
O mar ainda é algoz
O vento ainda leva minha voz 

Respirei fundo, melhor
Mergulhei, calmo pra voltar nadando 
Beirando a orla, renasci chorando 
Vocês que lutem para viver sorrindo 

Esquece, não sou mais menino 
Me reencontrei no espelho, 
Sim, estava sumido 
Via um reflexo do invisível 

Vivo questionando tudo
Abraçando a dor do mundo 
Como Banksy pintando muro
Lendo Bauman no lago sujo
Eu e Amy num mar turvo
Rehab numa house club 
Aproveitando o nada 
como se tivesse tudo
como se pudesse tudo 

Às vezes me engano muito 
De vez em quando aposto,
Venço, curto 
Se o longa ficar caro 
Lanço um curta

Não é pelo Oscar, juro 
Querem um campeão para tudo 
Todo mundo é fraco ou duro
Se faz de cego, surdo e mudo

Fantasmas sussurram segredos
A vida não acaba no escuro, amigo
Você anda tão desaparecido
O que está acontecendo contigo?









sábado, 8 de maio de 2021

Floor seats

 Jogado em um canto qualquer 

Ao som de floor seats 


Foda-se o mundo lá fora 

Deixa chover 

Sirenes te ignora

Vamos morrer


Revolte-se, agora! 

Vôo de coisa nenhuma

 Vou subir sem teto

Não prometo nada 

Inseguro duro fértil

Foguete em revoada


Se cair abro minha asa

Plano como animal 

Se subir perco minha casa 

Tudo bem sou marginal 


Sonhos são desejos refinados

Escolhas não vem do nada

Traçamos planos estranhos

Seguimos nessa jornada 


Rumo ao desconhecido

Líquido e vegetal 

Metáfora e química

Sem remédio passo mal


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Abaixo das certezas 

Sutil transparência

Ossos do ofício 

Atrás da sobrevivência


Devia me abster

Largado em displicência 

Me alistei no quartel das verdades

Lembrado pela insurgência 


Quando eu voltei 

Só encontrei desconhecido

Querem saber 

o que aconteceu comigo 


Fazia tempo que havia partido

Hoje voltei a encontrar motivo

Tantos segredos andam escondidos 

Fui embora ainda arrependido. 






Faz o simples

 Um anjo 

Um demônio

Porque só um lado

Se tudo tem dois?

Parece que tem saudades

Porque deixar pra depois? 


Um homem 

Humano

Não quer ser o mano 

Seguindo a cartilha de ser desumano


Vocês tem soldados

Parece


Homens fardados não me intimidam 

Não é free fire não sou bom de mira 

Vejo que ferem sem nos diferir na pira

Vai ver por isso que nos assasinam 


Somos iguais até um certo ponto

Nunca notou ou só foi um desconto?

Me convocaram mas não tava pronto 

Nos engaranam pois fomos do contra

Nos alcançaram quando nos cansamos 

Se tem dinheiro sou sujeito homem

Ney matrogosso com h de lobisomem

Pode marcar pois esse é meu nome

Pega a cobra corre que lá vem o zomi.


Nunca notou enquanto os erros rasgavam mortos atravessando ao nado

Lápis e caneta são armas fatais

Olho em volta já não me sinto ilhado 

Não mais


Assis sentado com seu machado 

Escuta eu mesmo vou compor um clássico.

Escreve o simples 

Só faz o básico.

Blues de coisa nenhuma

 Não quero ser um revolucionário de apartamento.


Ir ao cinema sozinho 

Com a solidão do meu veneno.


Quero um filme tranquilo sobre sorriso, sonho e sabor. 


Ficção!


Eu era um leão! 

Dinheiro e outras coisas do mundo 

que nunca pensei! 


Pensei.


Sai da sala atordoado com o tempo, espaço rua, claro, a lua, todos os astros de coisa nenhuma, eu acho que eu me enganeI! 


Eu sei! É eu sei. 


Eu acho que me enganei.

Seguindo rastros de coisa nenhuma, cheiro de coisa nenhuma, gosto de coisa nenhuma. 


Eu acho que me enganei! 

Eu sei 

Só eu sei 

Eu acho que me enganei.


Incoerente

 Boto essa fita no rádio a fim de uma nova ilusão

Fingir que dentro da minha casa não há combustão

Esse carro acelerado meu coração a milhão 

Falta me o ar enquanto assistem o Faustão


Só vou rimar com ao até o final dessa questão 

Vão dizer que eu tô doidão 

Que eu fumei um bão.


Lucidez eu quero reencontrar os sóbrios, deixa eu dizer a verdade. Nada disso é real. 

Você mentiu pra si mesmo, resolveu acreditar, eles estão amordaçados, vendados e sem lugar. 


Seria estético antes de poético.

Seria um solo fertido e quente

Inerte, inato, incoerente. 


É isso


Poetas morrem cedo

Já é tarde ainda vivo

Sábios nunca morrem 

É verdade eu vi num livro


Estava na capa 

Prazer é o que compensa os riscos

Venda seu peixe no mercado

Deixe nas mãos dos homens ricos


Buscava deuses recebi moedas

Queria flores recebendo pedras


Incompreendido

Paguei o preço 

Saiu barato 

Fazer ateu rezar um terço


Nas mãos dos mesmos dólar

Ganhando peso em peso

Beirando o teto negro 

Culpados saindo ileso 


Eu vi afeto e fuego 

Via branco e preto 

Eu só não via eu mesmo 

Mas ganhei espelhos 


Fui no meu erro 

subi no acerto 

Deixei o certo 

Carreguei em cotas 

Construí em morros 

Duvidei de todos

Caminhei de costas

Afundei na neve 

Caí na encosta 

Matei um bicho

Virei, fui embora 


Partindo as tora

Marchei no frio 

Ignorado por plurais

Fui singular mais de oito hora


Larguei as arma 

Deixei minhas botas fora

Soltei um fio no toca disco pra ouvir 

a vida inteira é isso

Respostas dormem em notas

Sonhos prevêem o futuro

Acordei agora